sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Sente-se comigo


Venha aqui menino, 
Sente-se comigo.

Está confortável?
Eu sei que sou um velho imundo e cego,
As pessoas tem medo de mim,
Mas por algum motivo senti que você não terá.

Não estarei aqui por muito tempo,
Talvez essa seja a última noite,
Eu tive uma vida maravilhosa menino,
Mas minhas ambições me levaram ao suicídio.

Ignorei aqueles que me amavam,
Me vinguei do oposto e, por isso, colho o fruto do arrependimento.
lembro-me de uma tarde,
Deitado na rede em uma varanda,
Buscando formas de concretizar sonhos banais.

Queria poder ter mais tempo,
Queria poder gritar para o mundo,
O passado é um "eu" muito diferente,
O passado foi realizado por um menino,
Talvez esse tenha sido o meu maior pecado.

Não acredito em Deus o suficiente,
Não acredito em mim,
Não mais.

Como seria se fossemos pássaros?
Como poderia me imaginar longe das ruas?
Ei, caro menino, eu tive uma família sabia?
Hoje é natal não é?
Então, outrora estávamos reunidos, nos divertindo,
Agora estou aqui, sozinho, 
Nessa ponte que necessito chamar de lar.

Então me diga,
Por qual razão você está aqui também?
Existe razão para tamanha distância?
Essas luzes vermelhas,
Essa magia perdida.
Esse arrependimento,
Essa lembrança.

Onde esteve o carinho esse tempo todo?
Por onde anda o controle sobre o que é?
Qual vida você andou vivendo por ai, em?

Ei, pobre garoto,
Eu senti o seu desespero,
Algo sussurrou nos meus ouvidos sobre suas lágrimas.
Me tiraram a visão mas, por um momento,
Eu vi que você queria pular.

Ei, menino,
Estou me lembrando agora,
De um ontem,
Onde eu li uma carta de um garoto.
Ele implorou por paz,
Ao invés de qualquer brinquedo,
E ele me disse que, se eu existisse de verdade,
Que o ajudasse,
Que eu o salva-se.

- Emerson Teixeira Lima

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