quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Respire, 2014


Quem não se lembra daquele grito "Au Revoir Shoshanna!" em "Bastardos Inglórios", filme do Tarantino de 2009? Ainda mais, como esquecer aquela talentosa e lindíssima atriz que faz a tal Shoshanna? Ela se chama Mélanie Laurent e, além de ser uma excelente atriz, vem se mostrando uma brilhante diretora, vejam só, que maravilha.

Seu mais recente filme "Respire" de 2014 conta a história da Charlie, que vive uma pacata vida escolar, poucos amigos, tímida, ainda tem problemas familiares, enfim, sua vida começa a mudar com a chegada de uma nova aluna, Sarah, com uma personalidade totalmente oposta, faz o tipo popular, amada por todas, meio vida louca. Charlie começa, cada vez mais, colocar Sarah em sua vida, se esquecendo de quem realmente é. Sarah tem problemas com a mãe e se sente, de certa forma, acolhida, Charlie vê na nova amizade a oportunidade de uma nova versão de si mesmo, porém a diferença que constrói essa relação é a mesma que as leva a destruição.

O jovem respira diferente, já perceberam? Ele sente-se apressado, um tanto empolgado, diante a qualquer situação de novidade. Ele se entrega muito mais, portanto se arrepende muito mais, o mundo parece pequeno e se resume a seus problemas escolares, e de fato é. O tempo passa e vem a calma, um dia após o outro, essa tranquilidade é, talvez, a melhor qualidade do sábio. Há exceções, claro, mas em suma o jovem respira diferente. Escrevo isso, pois, assim como o título, temos diversas metáforas sobre a respiração nesse filme. Um exemplo seria a personagem principal, que tem asma.

No início do filme, eu não li sinopse nem nada, imaginei algo parecido com "Azul é a cor mais quente", há, inclusive, algumas cenas que indicam isso, pois na amizade delas existe muitos contatos físicos, inclusive um beijo quando estão bêbadas. Mas o filme fala sobre coisas diferentes, dentre elas, escolhas. Vivemos cercados de possibilidades, rodeado de pessoas diferentes, elas são, em sua maioria, pontes para conseguirmos ser o que mais queremos, mas até que ponto é máscara? Até que ponto é possível segurar uma relação sustentada por interesses? Essa ideia de opostos, apresentado no filme, é deveras interessante, Sarah conta sobre suas diversas relações sexuais, Charlie diz ser virgem, ela completa dizendo que tentou com um namorado, mas depois doeu e ela desistiu. 
Depois de uma intensa amizade passageira, movida por interesses de ambas, a verdade é que a diferença separa as duas, seja na escola ou na vida. As provocações começam. Como é um filme Francês, muitas interpretações ficam a cargo dos olhos mais atentos, acompanharemos o isolamento da protagonista, as brincadeiras de mal gosto que acontecem, enfim, consequências de uma inocente amizade. A densidade toma conta, até chegar na cena final. Um desfecho de arrepiar. Onde a atuação da Joséphine Japy vai ao topo, aliás, anotem esse nome urgentemente, essa é uma atriz de apenas 20 anos, o que ela faz nessa cena é inacreditável! 

Se eu tivesse assistindo esse filme antes, certamente entraria na lista dos melhores de 2014. Mas como chegou agora na internet, fica para o próximo ano. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...