sábado, 13 de dezembro de 2014

Boyhood - Da Infância à Juventude, 2014


Seria interessante já começar citando a importância que a "Trilogia do antes", composta por "Antes do amanhecer", "Antes do Pôr-do-Sol" e "Antes da meia-noite", assim como o diretor Linklater com o também sensacional"Waking Life", tem na minha vida.
As vezes eu fico me questionando se assistir filmes de romances me prejudicou de alguma maneira, pois vivo acreditando em doses de coragem ou momentos loucos, enquanto que na realidade isso não é muito recorrente - quase nunca. Será que é infantil demais acreditar que possa existir Jesse(s) e Celine(s), dispostos a se entregar por completo durante um dia?Só um momento. Um agora.

Enfim, aliado a essa aventura que, por si só, permanece distante do que podemos chamar de "real". A forma como é explorado a conversa, o desenrolar dessa história, os momentos, é muito real. Todo mundo que assistiu e gosta do filme lembra dos momentos mais importantes como o primeiro beijo dos protagonistas, aquele poeta lhes interpretando em formas de palavras, a Celine imitando a Nina Simone e dizendo para o Jesse que ele ia perder o voo, enfim, são inúmeras cenas que, olhem só, parece que foram nós que vivemos. E de fato vivemos.

Por acreditar fielmente que Linklater foge das regras do óbvio de "vou fazer esse filme para ganhar um Oscar" eu fiquei animado com "Boyhood" desde que soube da sua existência e a forma de produção, durante doze anos - algo que não é necessariamente inédito, porém igualmente surpreendente - confiei plenamente no senso, que transborda, de realismo e filosofia que o diretor é especialista em colocar no seu filme.

Pronto! Eu, um menino romântico, ansioso por histórias que contenham grandes aventuras ou reviravoltas, encontros mágicos e desencontros trágicos, me pego necessitado, precisando de uma dose de registro real. Uma verdade filmada. E como foi importante acompanhar a vida desse menino que, por muitas vezes sem carisma, transparece a barreira ator, chegando na categoria eu. Seria justo traçar alguns detalhes de sua vida, dos quais eu me identifiquei inteiramente, como a relação com o seu pai, nesse caso por invejá-lo, visto que nunca tive diálogos ou momentos como aqueles, a fotografia, que o menino se interessa muito e causa algumas reflexões sobre a vida universitária e paixões, ficando evidente alguns conflitos internos dele sobre o que ele, de fato, está procurando. Como se por algum motivo fosse maduro ou algo do tipo, isso é ressaltado quando sua namorada, que está terminando com ele, ressalva sua capacidade de ser "melancólico". Enfim, um tanto quanto pessimista. 

E, ainda sobre o quão o filme é sensível quanto a realidade, quase uma documentação da vida. Quando o garotinho pergunta para o pai se existe magia na vida real, este o responde com naturalidade "Porque um Elfo é tão mágico quanto uma baleia no mar". Tentando encontrar um motivo para não olhar ao seu redor, algo que somos obrigados a fazer, com muita maestria e, eu acredito, esse filme ganha o Oscar. Tá, por enquanto não vi muita coisa, mas já estou chutando aqui.

A grande atuação fica mesmo por conta da Patricia Arquette, figura sempre presente nas premiações que está rolando nesse final de ano, e muito merecido. Ainda que, para mim, as cenas de maior impacto - isso não quer dizer que vale indicações, aliás, não estou nem ai para isso - acontecem com Ethan Hawke e seus filhos. Como a última conversa deles, no qual o pai expõe muito o seu olhar sobre o filho, suas oportunidades para o futuro e dá uma aula, em base aos seus próprios aprendizados.

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