sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O Abutre, 2014


Lou Bloom (Jake Gyllenhaal) é um jovem determinado e desesperado por trabalho que descobre o mundo em alta velocidade do jornalismo sensacionalista em Los Angeles. Ao encontrar equipes de filmagem freelances à caça de acidentes, incêndios, assassinatos e outras desgraças, Lou entra no reino perigoso e predatório dos nightcrawlings - as minhocas que só saem da terra à noite. Nele, cada lamento da sirene da polícia pode significar uma tragédia em que as vítimas são convertidas em dinheiro. Ajudado por Nina (Rene Russo), uma veterana do sensacionalismo sanguinário que se tornou a cobertura de notícias nos canais de televisão locais, Lou ultrapassa a linha entre o observador e o crime para se tornar a estrela de sua própria história.

O ano de 2014 foi maravilhoso para o Jake Gyllenhaal. Tanto em "O Abutre" e "O Homem Duplicado" ele explora o seu potencial ao máximo, mudando conceitos de pessoas que, como eu, nunca levaram esse carinha, cuja carreira começou em "Donnie Darko", muito a sério. Agora digo com certeza que a maturidade atingida por ele e a sabedoria das escolhas dos pepeis, o aproximam da ascensão recente do Matthew McConaughey e, como aconteceu com ele, o Oscar está bem próximo. 

Bem, depois de tanto ouvir sobre "O Abutre", me rendi e fui assistir, não sabendo muito da sinopse, me pego vendo o desenrolar de uma história, que começa um tanto quanto fraca, boquiaberto, com tamanha tensão. A postura do protagonista perante a busca por trabalho, a sua - quase - obrigação em estar sempre em foco, trás um sentimento, no mínimo, chocante. Ele se apresenta para um trabalho, falando com tamanha propriedade que é de se questionar quem é o chefe ali. O que ficará ainda mais claro quando, ao longo, Lou Bloom se mostra um dependente do negócio, ou melhor, da última palavra. Se alguém por algum motivo afeta essa obsessão dele, ele simplesmente monta estrategicamente planos para eliminar algum tipo de poder que possa existir, vindo do outro. O poder parte dele em prol a ele.

Além disso, temos a constante brincadeira com a imagem e informação. Começamos com o fato de que o filme nos apresenta um personagem com um grave problema psicológico, manipulador e, como disse, obsessivo pela última palavra. Ele encontra uma arma muito poderosa no audiovisual, no registro, agora, pensando em cinema, quer mais manipulação que essa? Se bem me lembro, o cinema é uma forma de criar vidas, assim como um Deus. Não só isso, a TV não manipula nosso dia a dia? Desde a edição, passando pela entonação usada para se passar a mensagem, tudo está direcionando a uma postura tendenciosa, em base aos interesses do poder/canal. Sendo assim, Lou Bloom se maravilha com a oportunidade de montar fatos de modo que possam prender a atenção, roteirizando a morte.

O resultado dessa ambição é arrepiante. Uma metáfora sobre a imagem e até que ponto  homem está disposto a se aproveitar para benefício próprio. Uma das cenas mais lindas, quando Lou está no carro com o seu parceiro, ilustra perfeitamente isso, onde o amigo lhe diz: "Você precisa tratar as pessoas como humanos. Ao lado da Rosamund Pike com a sua Amy em "Garota Exemplar", Jake Gyllenhaal constrói um dos personagens mais interessantes do ano.

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