domingo, 4 de janeiro de 2015

Cronologia do Acaso


Cansado de tentar
Procurar um lugar para ficar
Converter agonia 
Em um estar
Tranquilo caminhando pela minha inquietação
Movimentando o coração
Na entrega de uma cartinha
Decorada com vermelhos
Morangos silvestres!
Adoráveis e detestáveis
Frutos da imaginação de alguém
Menos popular que você ou eu

Invisível para todos
Diz que é escolha
Mas não passa de imposição
Parado, contra os ventos,
Tensão
Tesão
Mamãe me dê carinho
Não aguento mais esse mundo púbere
Não tenho barba
O que sugere então? 
Já sei namorar,
Mas não sei esperar
Já sei beijar,
Mas não sei conquistar
Já sei trepar,
Mas não sei amar
O que faço mamãe? 
Cresço agora ou deixa para amanhã?

Essa escola,
Me amola
Não estudo,
Sei de tudo.
Não me importo com a guerra,
Eu vivo uma e professor nenhum me explica isso.
Quero ser estudado,
Quero ser sentido,
Quero ser idolatrado,
Não bandido,
Um caso perdido,
Chego na escola, ninguém me trouxe,
Sou mais um presidiário,
Nem nasci, mas já sou ordinário
Uso drogas, cabelo grande
Meus ídolos do rock,
Meus deuses.
Ninguém me entende, só me pune,
Vou agir,
Contra todos,
Vou rir dos diplomados,
CDFs e demais retardados,
O mundo é cruel,
As respostas não estão em livros, 
Pronto,
Cresci.
Deixa eu sentar no fim da sala.

Tô aqui,
Fui ali,
Bateu o sinal,
Foi mal,
Tava conversando com as tia da limpeza,
Não me castigue, fiz uma gentileza,
Esse inferno não é para aprender?
Não posso inverter?
Quer saber?
Tô cansado,
Ser tratado como um marginal,
Não é justo,
Sou explorado em casa,
Ai que susto!
Parece meu pai falando, o grande sr. Augusto
Sua vida acadêmica deu lugar a cachaça 
Essa raça é uma graça
Faz de tudo, compra o mundo
Evapora, sobra pouco
Sombras de uma vida elegante
Que ódio,
Fui queimado com cigarro
Minha casa não é um lar
Sou rebelde,
Uso preto,
Escuto rock,
Crio moda,
Tenho seguidores, 
Deus da subversidade!
Agora passa o controle,
Tá passando a entrevista do Keith Richards,
Quero cheirar meu pai.

Um caso perdido,
Estou aqui,
Não tenho nada melhor para fazer
Sábado é dia de rezar,
Tenho caspas, não quero atrapalhar
Não falo nada
Fico na minha
Observando
A loucura da normalidade
Me sinto em Júpiter
Me sinto Narciso
Me apaixonei por me perder
Em mim
Desenho também,
Faço arte,
O quão difícil é pensar,
Assim procurar,
O espinho do nunca

Nunca transei
Me masturbei
Me procurei na vizinha
Até babei
Por ela, tadinha
Você tem razão,
Eu sou um cagão,
Por não pegar na mão,
Daquela gostosa
Para ela olhar para mim,
Eu doaria até um rim

Em casa me cobram perfeição,
Mas eu tenho tesão,
Não consigo pensar.
Vejo minha prima com suas amigas e me ponho a imaginar
Elas peladas, deitadas na minha cama,
Dizendo que me ama,
Aprendendo a ser falsa, garota de programa
Vendendo seu sexo, montando uma trama
Entregando o seu corpo,
Mostrando o seu bundão,
E, pelo amor, sem saber que eu sou um virjão

Sou esportista,
Bastante elitista,
Sou do tipo que encanta,
Engana e humilha
Preciso ganhar,
E te amarrar,
Na sua vergonha
Não sou mal, 
Só me acho o tal,
Manipulador,
Meio estuprador,
Quase um Brad Pitt.

Me chamo princesa,
Meu apelido é Ana,
Sou a loira que te engana,
Me acha atraente,
Benevolente,
Mas sou tapada,
As vezes chapada,
Me acho esperta, mas só sou usada,
O preço de ser popular,
O sucesso é o meu lugar,
Rosa é minha cor,
Eu não sei o que é dor,
Pois disfarço com maquiagens,
Iludindo as imagens,
Que provoco no espelho,
Eu vou seguindo meu coelho,
Sua toca,
Me acho louca,
Mas sou idiota,
Acho que sou demais, 
Mas só tenho uma xota,
Gosto de bichinhos, 
Pelúcia e periquitinhos,
Finjo ser mulher,
Mas ao comer, brinco com a colher,
Vou para a igreja,
Só para atrair, assim seja,
Finjo ser santa,
Mas sou uma anta,
Uso pessoas, não com inteligência,
Há divergência,
Há dúvidas estúpidas,
Ideias difundidas,
Por várias bandidas,
Que somos induzidas,
Submetidas,
A usar máscaras de lúcidas,
enquanto só somos fudidas
Não sei o que pensar,
Pois não sou de filosofar,
Só sei defecar,
Sou escrota também,
Mas gosto de todos,
Desejo paz, amém.
Minha bunda é minha reputação,
Eu sou uma cadela,
Procurando meu cão.
Mamãe, deveria ter me dado uma chinelada,
Quem sabe hoje eu não seria uma dada?
Não quero julgar,
Só sei divulgar,
Minha beleza,
Riqueza,
Pois sou vazia, 
Não ria,
Tenho habilidades incomuns,
Nada artístico, como uns,
Minhas pernas são flexíveis, 
Como minha habilidade em fazer rimas horríveis.

Tempos de escolas,
Simples simbolismo, 
De fato, mostre-me quem és enquanto estudante,
Que definirei quem serás no futuro,
Errante jovem,
Se acha adulto,
Sendo criança, 
Se acha criança sendo adulto,
Em todos os casos
Há falta de comunicação
As experiências precisam ser compartilhadas
O marginal sempre vai a pé
Nem sempre temos um motivo
Somos um bando de cópias
O mundo real existe bem longe daqui
Só existe sombras
Lembro-me de ter estudado os seus movimentos
Livrai-me da ideia de que vou morrer
Tem me ocorrido a ideia da minha finitude
Com uma frequência devastadora
Por um breve momento
Considere meu gostos e minha necessidade
Tenha fé em mim
Deixe o seu ceticismo 
Focalize-se na minha voz
Eu sou o seu pai
E por muito tempo o meu lar,
era onde minha cabeça descansava
Já fiz tudo de errado,
Já conheci pessoas perdidas,
Já fui jovem,
Fiz tudo que quis,
Para não me arrepender,
Não esperei muito tempo,
Repare onde estou
Hoje sou professor
Educador
Colecionador
Analisador de metamorfoses
Já tive minhas fases,
Minhas depressões,
Hoje sou maduro, movido por ações,
Um pouco de todas as histórias que vivi,
Desde as rimas à masturbação,
Sou o que sou pelo que fui,
Como disse, fui jovem,
E temo que você, minha filha, 
Não o esteja sendo. 

Emerson Teixeira Lima

Um comentário:

  1. Nossa gostei lindo ✌✌��parabens pela inteligência e criatividade ��☑

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