sábado, 10 de janeiro de 2015

Uma reflexão sobre fotografia e cinema


É difícil escrever sobre algo que nos toca, sem tentar explicar um pouquinho do porquê de tamanha identificação. Ainda mais eu que, para quem acompanha os meus textos, sabe que eu jamais deixo de lado a emoção como elemento fundamental para a composição das minhas resenhas. Olhando para trás, e graças ao filme tive o prazer de buscar essa reflexão, eu sempre estive ligado com a arte da fotografia. Achava magnífico aquela magia de transformar momentos rápidos em momentos imortais. Por mais simples que fossemos, visto que não gastávamos muito dinheiro com filme fotográfico, a compra de um, eventualmente, nos rendia muita diversão. Era um evento tirar fotos e ainda ter muita curiosidade sobre tudo que cerca a revelação das mesmas. Se tinha algum evento, festa ou algo assim, compraríamos, na certa, os pequenos rolinhos de filme, para registrar com a boa e velha câmera analógica. 

Hoje me entendo como um entusiasta da arte, procuro formas, a cada dia, de expressar o meu ponto de vista sobre o mundo. Criando, entre aspas, um mundo só meu, que de “só” não tem nada, pois percebo a cada dia que mais e mais pessoas compartilham da mesma visão. Uma das aulas que eu dei, sobre fotografia, se estruturava na comparação de uma fotografia com poema, eu levei um dos meus poemas para os alunos ( Bem longe ) e, através dela, fui criando fotos a cada verso. Prevendo algum tipo de criação artística que partisse da frase, e não ao contrário. Se vemos uma imagem, podemos criar uma frase em torno dela. Porém se lemos uma frase, como pensar em fotografar a mesma? Enfim, fotografia é, para mim, um lar sagrado. Que pouco me importa o profissionalismo, tenho feito alguns trabalhos, incluindo um ensaio com uma bailarina ( vocês encontram esse trabalho-amador no meu Flickr ) mas jamais me tornaria um dependente de técnicas, mesmo que elas sejam o essencial para uma fotografia elegante. Não estou falando aqui de conhecimentos básicos, é óbvio que é necessário, mas a partir deles aprender sozinho, conquistar a tua habilidade em transformas poemas em imagens. Se tornando um Deus, moldando histórias e criando um mundo particular, onde a lembrança se sobressai.

Então, para mim, fotografia e cinema não se estuda. Se sente. É visceral e, quanto mais real, melhor. Infelizmente vivemos em um mundo onde o amor e a entrega rende muito pouco dinheiro, e dinheiro nos move, mas essas duas entidades para mim são intocáveis. Elas me salvaram, no mesmo tempo que me sufocara. Pois queria seguir ambos os caminhos profissionalmente, mas me via perdido dentro da minha passionalidade, em criar sentimentos, não criar dinheiro. Como raios poderia viver assim? Transitando por entre caminhos de sonhos, enquanto a realidade me cobrava sobreviver? Enfim, o caminho que encontrei foi criar extensões, o cinema e fotografia hoje se tornaram a alma do meu trabalho, e serão por muito tempo. Bem, parte daí o meu carinho com o registro da realidade. Por isso me identifico tanto com o cinema independente, não é para propagar aos ventos que eu assisto algo para ser diferente, mas simplesmente por me identificar com a arte crua, como o cinema Iraniano, por exemplo. Na verdade isso reflete em tudo que faço como os meus textos e o próprio podcast “Cronologia do Acaso”. Eu sou um amante de música, mas optei por retirá-la do podcast, pois só me importa a realidade, e a única realidade que eu vejo é a nossa conversa sobre determinado tema ou obra. A edição é um truque, adoro uns truques, quando bem feito, mas também aprecio o choque do real.

Obs: Esse texto é uma introdução para a resenha sobre o filme tailandês 36, de 2012 ( Clique Aqui )

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