terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Um Estranho no Lago, 2013


" - O que você procura realmente?
- Temos de procurar por algo?"


Então, confesso que tive que passar por cima dos meus próprios preconceitos para assistir esse filme. E é complicado já começar escrevendo isso em um mundo onde qualquer palavra sobre determinados "temas" vira ofensa. Enfim, o filme agride, principalmente, em dois sentidos, ambos derivados da mesma coisa: A repetição.

Primeiro é a clara exposição do pênis, aquela naturalidade, como animais mesmo, o que seria absolutamente normal, tirando o fato de que, no filme, o diretor deixa claro que quer tirar qualquer sentimento existente entre esses homens, eles estão constantemente em busca do gozo, literalmente. Isso me chocou no início pois, ressaltando o que disse acima, eu sou uma das pessoas mais abertas que existe para o sentimento. Acredito fielmente que existe inúmeras formas de amar, e apoio que todos e qualquer seres humanos devem se assumir. ( deixando claro que essa afirmação vai muito além da opção sexual ).

Então se o filme tira o sentimento, essa é realmente a intenção e fica claro ao longo - logo mais eu explico - sobra, literalmente, o corpo. E, movido pela minha ignorância, não conseguia enxergar a real intenção do diretor.

O segundo ponto é uma extensão do corpo, o sexo. O sexo soa muito banal no filme, é isso que acontece: Homens ficam a margem do lago ( totalmente auto explicativo, a margem da sociedade ) e, quando conhecem alguém, sem qualquer envolvimento sentimental, eles caminham até o bosque e fazem sexo. E como tem sexo! Chupam por nada. E, repito, no início me pegou de surpresa, pois esperava sentimento.

Ao final pude perceber que meu instinto masculino me tirou a visão, estava tudo diante dos meus olhos, algo extremamente interessante essa experiência, aliás. É muito legal a forma que vemos o que eles veem, sentimos o que eles sentem ao longo, o filme caminha em direção ao próprio preconceito que existe acerca daqueles homens, a sociedade recrimina o sentimento entre eles e, é claro, sobra o desejo, o lago representa a sociedade, a praia é a situação que eles se encontram e o bosque surge, então, como o desejo.



Por isso, ao meu ver, o ponto realmente alto é a amizade entre o protagonista e Henri, um sujeito que se apresenta o tempo todo extremamente incomodado em estar naquele ambiente. Mas por qual razão ele continua voltando? O próprio afirma que, algumas vezes, não precisamos procurar nada, simplesmente fazemos. E ai diz tudo, ele está sentado na sua própria situação: a dúvida. Ele acaba de romper um relacionamento hétero, em meio à ele ele se envolvia com um homem, e está ali sentado refletindo sobre escolhas. Não se importa, então, com o corpo - leia-se pinto e bunda, assim, grosso mesmo, como o próprio filme se apresenta para aqueles que não se interessam em ver adiante - ele mesmo fala para Franck que se sente como se estivesse apaixonado, mas não pensa em sexo com ele. Esse personagem representa o sentimento desses homens.



O suspense final foi uma surpresa para mim, pois não tinha lido nada antes de assistir, e fico feliz por isso. Achei lindíssimo o investigador que, por ironia, surge repetidas vezes, chegando até a irritar quem assiste o filme. Em dado momento ele, em meio a sua investigação, afirma: Não estou lhe pedindo compaixão nem solidariedade. E é a prova de que, naquele lago, não há liberdade, pelo contrário, o medo está presente e todos, desde o punheteiro até o galã Michel - que diga-se de passagem tem o visual inspirado por atores pornôs da década de 70/80 -, enfim, no final pude perceber o quão sensível o filme é na sua insensibilidade.

2 comentários:

  1. Estou curtindo muito o blog de vocês, meu filmow nunca esteve com tantos "Quero Ver" ahah

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  2. Opa, fico muito feliz. Deixe o seu filmow ai para eu te adicionar :D

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